terça-feira, 2 de agosto de 2016

Espera poética

Por: Rejane Araujo

Enquanto isso eu escrevo
Preencho-me de poesia e jogo ao mundo minhas palavras.
Tudo que transborda no papel me acalenta.
Enquanto eu espero eu escrevo
E escrevo para esperar
E escrevo por esperar
E se o produto da espera é poesia,
Poeticamente espero-te.

À moça

Por: Rejane Araujo

Calma, moça! Lembra da Gadú.
"Deixa estar que o que for pra ser vigora."
Nada foi errado. Nada está errado.

Você não sabe aonde vai chegar, mas sabe o que quer.
Siga!

Seu coração é puro. 
E ama. 
E vai amar sempre.
Não ama a todos. Não. Você não é perfeita.
Mas aqueles a quem seu coração escolhe recebe sentimento genuíno. 
Verdadeiro.
Espera de volta, é verdade, mas compreende que a imperfeição não é característica apenas sua.
O mundo é imperfeito, por isso você não desiste e numa dessas imperfeições seu coração pousa e ali encontra o abrigo necessário.
Enquanto isso, vai voando, vai caminhando, vai de qualquer jeito, mas vai, moça! 

Entrelaços

Por: Rejane Araujo

E eu me enlaço
Me entrelaço
Eu me perco
Eu me acho
Me descubro
Reinvento
Me procuro
Me esqueço
Enlouqueço
Me entrego
Me resgato
Me disponho
Me proponho
Me sufoco
Me recolho
Me encolho
Me liberto
Me desperto.
Sou tudo
Sou nada
Sou tua
Amada.



Negação

Por: Rejane Araujo

Não sinto 
Não vejo 
Não penso
Não falo
Não desejo 
Não quero
Não peço
Não posso
Não devo...
E nessa sucessão de negações só rio. Sorrio. 
Sou rio a transbordar tudo que é preciso calar. 

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Cômodo

Por: Rejane Araujo

Só fico onde me cabe inteira
Com meus vícios e manias
Meus gostos e fantasias

Onde me cabe indivisa
Com meus amores e minhas dores
Meus espinhos e minhas flores

Onde me cabe completa
Repleta do que sou
Mergulhada no que fui...

Me ofereça um canto 
Pequeno que seja
Mas que me caiba irrestrita e livre
Complexa e simples

Me caiba sem amarras.

Que acomode meu teimoso riso
Ou minhas inevitáveis lágrimas. 


Sobre dores e alma

Por: Rejane Araujo

Dói, não há outro jeito.
Dói agora.
Uma dor constante.
Uma dor latente.
Doeu ontem
Ainda deverá doer amanhã
E depois
E, talvez, depois.
Pode doer incontáveis dias.
Não. Dor não se conta.
Dor se sente
Aperta o peito
Arde a alma
Queima a esperança
Inunda os olhos
Para a dor física, analgésicos
Para a dor da alma, música, papel e caneta
Para doer ainda mais
Doer tanto até gastar tudo
Até não sobrar nenhum resquício da dor
E assim, perceber que ela aos poucos se fora
Que a tempestade acalmou
O sol, timidamente, volta a brilhar
E o coração – abrigo secreto da dor -  pronto outra vez estará.

A palavra

Por: Rejane Araujo

A palavra é preciosa
Precisa ser cuidada
Guardada
Pensada

A palavra é valiosa
Precisa conter verdade
Serenidade
Docilidade

A palavra movimenta
A palavra aquieta
É capaz de ferir
É capaz de sarar
Prender
Soltar
Encorajar
Desanimar

A palavra é dom
É tom
É fuga
É cura.